Quando o “não vou seguir regras” virou tendência — e estilo de vida. A cultura gyaru.

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💅 Quem são as gyaru?
Imagine um grupo de garotas com cabelo descolorido, bronzeado artificial, cílios gigantes, unhas decoradas e roupas que fariam qualquer diretora de colégio japonês ter um mini-infarto. Essas são as gyaru — um dos movimentos fashion mais ousados e marcantes da cultura japonesa moderna.
Muito além do visual chamativo, fazer parte da cultura gyaru é uma forma de dizer:
“Não vou me encaixar no que esperam de mim. E vou fazer isso com muito glitter.”
👠 A origem da palavra (e da ousadia)
“Gyaru” vem de uma adaptação japonesa da palavra inglesa gal. No fim dos anos 80, com a explosão da influência ocidental nas ruas de Tóquio — especialmente em bairros como Shibuya e Harajuku — nasceu a rebeldia visual que desafiava o padrão tradicional de feminilidade no Japão.
A sociedade dizia “comporte-se”.
As gyaru respondiam: “Vou usar salto, cabelo loiro e sair dançando no centro comercial sim, obrigada.”
🧠 Leia também: O que é Harajuku e por que o bairro virou símbolo da moda alternativa no Japão
🌟 Tipos de gyaru: sim, existem variações
Ao longo das décadas, a cultura gyaru se desdobrou em diversos subestilos:
- Kogal (コギャル): colegiais rebeldes com uniforme escolar estilizado, meias soltas e atitude fofa.
- Ganguro (ガングロ): pele bronzeada, maquiagem marcante e cabelos descoloridos ou coloridos.
- Yamanba / Manba: versão extrema do Ganguro, com neon, adesivos, plataformas e visuais quase alienígenas.
- Onee Gyaru: estética mais adulta e sofisticada, com traços de elegância (mas ainda extravagância).
Cada vertente tem sua própria identidade dentro da cultura gyaru — e todas continuam desafiando as regras sociais à sua maneira.
💣 Gyaru: estilo ou protesto?
Na superfície, parece um estilo de moda. Mas na essência, ser gyaru é um manifesto. É sobre:
- Romper com o padrão comportado das mulheres japonesas;
- Questionar os códigos de conduta impostos por escolas e ambientes formais;
- Assumir presença e identidade em uma sociedade que valoriza a uniformidade.
A cultura gyaru não era só barulhenta no visual. Era um grito de independência, de individualidade feminina.
🧴 Make, cabelo e atitude: o combo explosivo
As gyaru são expertas em causar impacto. E a estética é parte fundamental disso:
- Cabelo: volumoso, loiro ou colorido, com babyliss marcante.
- Maquiagem: olhos ampliados com cílios postiços, lentes, contorno e brilho.
- Bronzeamento artificial: marca registrada da subcultura nos anos 2000.
- Unhas: longas, decoradas, 3D — verdadeiras esculturas em miniatura.
Por trás de tudo: uma atitude ousada e confiante, que virou símbolo da cultura gyaru.
📸 Veja exemplos reais no Japan Gyaru Blog
📉 A decadência (temporária) do movimento
A partir de 2010, a cultura gyaru perdeu espaço nas revistas, centros comerciais e mídia mainstream. Razões:
- Críticas ao visual “exagerado” por parte da sociedade;
- Fechamento de lojas e publicações icônicas como a Egg Magazine;
- Pressão para “voltar ao normal”, especialmente após eventos como o tsunami de 2011.
Mas… nunca se subestima uma gyaru.
💖 Gyaru revival: o retorno do brilho
Com a nostalgia dos anos 2000 e o poder das redes sociais (TikTok e Instagram), a cultura gyaru renasceu com força.
Influencers no Japão e fora dele começaram a reinterpretar o estilo — agora com mais representatividade, diversidade de corpos e liberdade criativa.
Vídeos de transformação gyaru viralizaram.
Tutorial de make virou ato de resistência.
E as novas gyaru voltaram a brilhar.
📺 Influência nos animes e na cultura pop
Se você curte anime, já esbarrou com personagens inspiradas na cultura gyaru:
- Koaru (Yamato Nadeshiko Shichi Henge)
- Sae (Peach Girl)
- Gal-chan (My First Girlfriend is a Gal)
- Yame-san, Gyaruko-chan e outras ícones de saias curtas e opiniões fortes
As gyaru dos animes misturam comédia, exagero e crítica social — sempre com aquele toque provocador.
🎬 Leia também: 5 animes com personagens gyaru para se apaixonar ou odiar
👑 Conclusão
A cultura gyaru é rebeldia com glitter. É moda com propósito. É a coragem de brilhar num mundo que ainda tenta apagar quem é “diferente demais”.
Se antes era tida como fútil ou superficial, hoje ela ressurge como símbolo de liberdade e identidade.
No Japão — e agora no mundo — as gyaru seguem dizendo:
“Apropriado é o que me faz feliz.”
[…] a vida escolar japonesa — cheia de nuances culturais, como as tendências vistas na cultura Gyaru — com batalhas em reinos mentais […]